Sebastião Salgado morre e deixa legado socioambiental ao mundo
maio 23, 2025
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Fotógrafo brasileiro, símbolo da arte humanista e ambiental, falece aos 81 anos e deixa legado imortal por justiça social e restauração ecológica.
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Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, faleceu em Paris aos 81 anos. Mineiro de Aimorés, formou-se em Economia e iniciou sua trajetória fotográfica ao documentar desigualdades sociais na África. Desde a década de 1970, sua lente capturou a dignidade humana e as injustiças sociais com sensibilidade. Seus trabalhos mais icônicos — como “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Amazônia” — foram reconhecidos globalmente. Salgado também se destacou pelo ativismo ambiental: fundou com sua esposa o Instituto Terra, responsável pela recuperação de áreas degradadas da Mata Atlântica. Ele recebeu prêmios como Hasselblad e teve sua vida retratada no documentário “O Sal da Terra”. Seu legado permanece como um poderoso manifesto visual pela justiça social e a preservação do planeta.
Sebastião Salgado morre e deixa legado socioambiental ao mundo
Em primeiro lugar, comunicamos com pesar a morte de Sebastião Salgado, o maior fotógrafo brasileiro e um dos mais reconhecidos mundialmente na fotografia documental. Ele morreu nesta sexta-feira, 23 de maio de 2025, em Paris, aos 81 anos. O Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado, confirmou a informação. Salgado enfrentava complicações causadas por uma leucemia, agravada por malária contraída nos anos 1990.
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De economista a cronista visual do mundo
Antes de tudo, vale lembrar que Salgado nasceu em Aimorés, interior de Minas Gerais. Ele formou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo, obteve mestrado na USP e concluiu doutorado em Paris. Enquanto atuava na Organização Internacional do Café, em Londres, iniciou seus registros fotográficos durante viagens de trabalho à África. Desde então, nunca mais deixou a câmera.
Logo depois, em 1974, ele estreou como freelancer na agência Sygma. Em seguida, trabalhou na agência Gamma. Por fim, ingressou na Magnum Photos, em 1979 — uma cooperativa fundada por lendas como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa, que revolucionaram o fotojornalismo.
A partir da década de 1980, Salgado passou a desenvolver projetos autorais. Por exemplo, no livro Outras Américas (1986), retratou povos indígenas e camponeses latino-americanos. Em Trabalhadores (1997), documentou com crueza o trabalho braçal em diferentes partes do mundo — das minas de enxofre da Indonésia à pesca artesanal na Sicília.
Como ilustração de seu impacto, destaca-se a série sobre os garimpeiros da Serra Pelada, no Pará. A imagem icônica da “Mina de Ouro” foi escolhida pelo New York Times como uma das 25 fotografias que definiram a modernidade.
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Fotografia e ativismo: uma jornada inseparável
Além disso, Salgado fundou com Lélia, em 1998, o Instituto Terra, que já plantou milhões de árvores e restaurou ecossistemas no Vale do Rio Doce. Assim sendo, ele não apenas fotografava a natureza, mas também a regenerava.
Por outro lado, nunca se calou diante das ameaças ao meio ambiente. Criticou duramente o governo Bolsonaro pelas políticas que incentivavam o desmatamento da Amazônia. Para ele, explorar a floresta de forma predatória equivalia a trair a própria humanidade.
Reconhecimento merecido
Como resultado de sua obra, recebeu prêmios como o Eugene Smith, ICP Infinity, Hasselblad e o Festival de Arles. Ainda mais, em 2015, foi tema do documentário O Sal da Terra, dirigido por Wim Wenders e seu filho, Juliano Ribeiro Salgado. O filme foi indicado ao Oscar e venceu o César, principal premiação do cinema francês.
Homenagens e despedida
Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que Salgado “retratava com a alma e o coração”. O Instituto Terra escreveu: “Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.”
Para concluir, Sebastião Salgado deixa a esposa, dois filhos — Juliano e Rodrigo — e dois netos. Seu legado transcende a fotografia: permanece como um símbolo de justiça, humanidade e restauração da Terra.